22/07/2011

Egidio Perroni Neto fala sobre a ONG Turma da Sopa

O associado da AAPS Egidio Perroni Neto, ocupando atualmente o cargo de membro do Conselho Deliberativo de nossa Entidade, é aposentado da Sabesp desde 1995 e tem um longo histórico de atividades ligadas ao voluntariado, que iniciou ainda quando estava na ativa.

Nos anos 90, por dois anos, foi atendente do Centro de Valorização da Vida (CVV), entidade não-governamental voltada à prevenção do suicídio. Logo depois, foi voluntário na extinta FEBEM, unidade Sampaio Viana, no Bairro do Pacaembu, que abrigava por volta de 400 menores de 0 a 7 anos, onde auxiliava nas tarefas de recreação das crianças nos finais de semana.

Por três anos atuou no Lar do Alvorecer Cristão (LCA), distribuindo sopa aos moradores de rua da região de Pinheiros e Vila Leopoldina em São Paulo.

Em 2003, entrou como voluntário da Associação Beneficente Benedito Pacheco, mais conhecida como Turma da Sopa, que tem como objetivo a reintegração social das pessoas em situação de rua. Nessa entidade, em que atua até hoje, desenvolveu várias funções e recentemente foi eleito seu Presidente.

Nesta entrevista ao site da AAPS, Egidio fala um pouco da Turma da Sopa, sua organização, atividades e meios de subsistência sempre alicerçada no trabalho voluntário e doações privadas.

AAPS: Fale um pouco sobre a Associação Beneficente Benedito Pacheco, mais conhecida como a Turma da Sopa.

Egidio: A Turma da Sopa foi criada em 1992, depois que dois amigos assistiram reportagem sobre a morte de moradores de rua por causa do frio. .Arrecadaram cobertores e saíram distribuindo pelas ruas de São Paulo. Perceberam que os assistidos precisavam também de alimentação e, principalmente, atenção e carinho. Pronto! A semente da ONG estava lançada!

Esses 19 anos de existência foram de muito trabalho, desafio imensos, muitas etapas vencidas que propiciaram um crescimento e fortalecimento contínuo da organização. Foram mais de 800.000 refeições servidas e 900 pessoas que tiveram suas vidas transformadas e voltaram ao convívio social.

Temos atualmente os títulos e certificações de utilidade pública municipal e federal, inclusive de entidade filantrópica.

AAPS: Como é organizado o trabalho da ONG?

Egidio: A Turma da Sopa conta com uma equipe de companheiros e companheiras voluntárias, empregados e entidades parceiras, principalmente clínicas de recuperação em droga e álcool.Nossas atividades são mantidas por doadores privados, que nos ajudam, principalmente, com dinheiro ou em gêneros alimentícios.

A sopa é preparada diariamente na nossa sede no bairro do Brooklin e distribuída no viaduto Condessa de São Joaquim, no Bairro da Liberdade, à noite, de segunda à quinta-feira.

Por noite servimos sopa para aproximadamente 250 pessoas, entre homens, mulheres e crianças.

AAPS: Vocês fazem algo mais além de alimentar os necessitados?

Egidio: A distribuição da sopa é o elo que nos aproxima das pessoas em situação de rua. .Através do carinho, da confiança conquistada, da conversa bem dirigida, os voluntários identificam os sinais de "desejo de mudança", pré-requisito básico para as ações que levam à sua reintegração à sociedade.

As atividades envolvidas na reintegração são várias: internações em clínicas de recuperação, exames oftalmológicos e confecção de óculos, próteses dentárias, retirada de certidão de nascimento ou RG, encaminhamento para emprego etc.

AAPS: O trabalho parece difícil, não?

Egidio:Realmente é um desafio grande, pois trabalhamos com um público marginalizado pela sociedade, envolto em preconceitos de toda ordem. Mas apesar das dificuldades a capacidade de superação,determinação e força interior dos voluntários tem superado os obstáculos e isso torna nosso trabalho muito gratificante.

AAPS: E como está se sentindo como Presidente da ONG?

Egidio: Encaro como uma missão que me foi delegada, com enormes responsabilidades. Não estamos medindo esforços para manter o padrão de qualidade alcançado nesses dezenove anos de existência e trabalhar para superar metas na busca da excelência. Para isso temos buscado o que há de melhor na gestão de entidades do terceiro setor, para aplicá-las na Turma da Sopa.

AAPS: O que a pessoa precisa fazer se quiser se tornar um voluntário da Turma da Sopa?

Egidio: O trabalho voluntário, como o próprio nome diz, é uma escolha e, mais do que isso, é uma oportunidade de crescimento pessoal, de transformação do mundo e ajudar os menos favorecidos e a nós mesmos.

A Turma da Sopa não tem vínculos políticos e religiosos sendo aberta a todos sem distinção de raça, credo ou cultura.

Para fazer parte do nosso time precisa ser maior de18 anos e ter somente muita boa vontade. Nosso curso de novos voluntários dará informações sobre nossas regras internas e capacitará os candidatos para a função a qual melhor se adaptar.

AAPS: Poderia explicar um pouco sobre a atuação do voluntário na Turma da Sopa?

Egidio: Os voluntários que atuam na rua, no Viaduto Condessa de São Joaquim, organizam a fila, distribuem sopa, pão, água e cobertores nos dias frios do inverno. Os voluntários mais antigos e especializados no contato pessoal com os assistidos ficam nas atividades da abordagem para conversar, o passo inicial da reintegração social. É através do bate-papo que vamos formando o vínculo com a pessoa e ganhando a sua confiança, para a partir dai descobrir como podemos ajudá-la na reintegração social. Os trabalhos são sempre supervisionados por um Coordenador, voluntário indicado pela Diretoria.

Além do trabalho de campo, que é este feito na rua, temos várias atividades importantíssimas na administração como divulgação e marketing, captação de recursos, retirada de documentos, organização de bazar etc. Mas lembramos que toda função é extremamente importante.

AAPS: A Turma da Sopa conta atualmente com mais um colaborador, que também é associado da AAPS. Como ele está se saindo?

Egidio: O companheiro Clodoaldo Antonio Ruck, associado da AAPS e seu ex-presidente, está na Turma da Sopa, como voluntário desde fevereiro de 2011.

Ele trabalha no viaduto, na equipe de segunda-feira e atua também na sede social na retirada de novas certidões de nascimentos dos assistidos. Ele é um exemplo de voluntário perseverante e com amor à causa.

Também temos alguns associados da AAPS que estão contribuindo com doações.

Esse trabalho pode parecer insignificante diante da dura realidade das pessoas em situação de rua, mas não é.

É como disse certa vez Ricardo Valverde, voluntário da Turma da Sopa há mais de 18 anos, em entrevista para a revista Ideia Social, uma publicação voltada para o Terceiro Setor e a Responsabilidade Social: "sabemos que os pratos de comida que a Turma da Sopa oferece não representam uma solução definitiva para fome da cidade. Mas, também entendemos que o alimento é uma medida emergencial e que favorece a aproximação com os moradores de rua, permitindo iniciar o esforço de resgate de sua cidadania e inserção social. "

Basta conferir em nosso site as histórias dos assistidos que tiveram uma nova chance para reconstruir sua vida tendo o contato com a Turma da Sopa como ponto de partida.

AAPS: Há outras formas de ajudar a Entidade?

Egidio: Além do trabalho voluntário as pessoas poderão contribuir em dinheiro para manutenção e ampliação de nossas atividades,assim como doar gêneros alimentícios para o preparo da sopa.Aceitamos também roupas, calçados usados e utensílios de cozinha para venda em nosso bazar.

Para informações adicionais acesse nosso site: www.turmadasopa.org.br, ou fale com nossa secretaria pelo telefone (011) 5533.7143 ou através de e-mail para: administrativo@turmadasopa.org.br

AAPS: Quer falar mais alguma coisa?

Egidio: Desejo apenas agradecer a oportunidade que a AAPS está nos dando para divulgar nosso trabalho na Turma da Sopa e falar com nossos companheiros aposentados e pensionistas da Sabesp. Deixo um convite para quem tiver vontade de se engajar em um trabalho voluntário. Toda ajuda é bem-vinda!